O Instituto Brasília Ambiental participou de visita técnica a nove Áreas de Conservação da Costa Rica, realizada no período de 17 a 24 de fevereiro. A missão fez parte do projeto “Avaliação e Fortalecimento do Sistema de Unidades de Conservação Distrital e Estudo de Parcerias Público-Privadas e Público-Comunitárias”, do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS), da Universidade de Brasília (UnB), pelo Fundo de Amparo à Pesquisa (FAP) do Distrito Federal (DF).
O Brasília Ambiental foi representado pela superintendente de Unidades de Conservação, Biodiversidade e Água (Sucon), Marcela Versiani, e pela diretora de criação de Unidades de Conservação e Plano de Manejo, Carolina Lepsch.
Troca de experiências internacionais
A superintendente da Sucon explica que a visita integrou a etapa do projeto dedicada ao intercâmbio de Informações entre o Sistema Distrital de Unidades de Conservação e o Sistema de Áreas de Conservação da Costa Rica. “Naquele país eles têm o Sistema Nacional de Áreas de Conservação (Sinac). A Costa Rica é dividida em 11 áreas de conservação, e eles chamam essas áreas de Áreas Protegidas e têm dez categorias dessas áreas”, esclarece.
Versiani ressalta que nas nove áreas protegidas visitadas foi possível perceber a semelhança com o sistema de gestão de Unidades de Conservação do DF. “Assistimos uma palestra proferida pelo pessoal do Sinac. Conhecemos categorias diferentes de áreas protegidas. E podemos dizer que enxergamos lá que o nosso sistema é muito parecido com o deles. As categorias de proteção são parecidas. Os recursos, as fontes de financiamento, e, principalmente, o nosso planejamento e metodologia de governança são parecidos”.
A superintendente explica que a semelhança ocorre porque a base é a mesma. “Eles se embasaram no Sistema do Colorado, dos Estados Unidos, e nós nos embasamos no Sistema do ICMBIO, que se embasou no do Colorado, por isso nossa base é a mesma”, detalha.
Segundo a superintendente o que diferencia o sistema local do visitado são as especificidades locais. “Temos alguns elementos, alguns componentes que podem ter sido alterados, mas isso é baseado em características específicas locais, principalmente, porque eles são um País pequeno e com áreas protegidas de diferentes formas, e nós somos também um Estado (Distrito Federal) muito pequeno, mas com especificidades muito urbanas. Mas a experiência foi muito impressionante, foi muito rica”.
A Costa Rica tem um sistema de mais de 50 anos de áreas protegidas, além de áreas com Planos de Manejo vigentes há mais de 30 anos. O país é rigoroso nas atualizações dos Planos de Manejo, que são feitas a cada dez anos. Conta com equipes muito consolidadas em cada área protegida, com cerca de seis a oito guarda-parques por área. “Mas os Planos de Manejo sempre trazem que as equipes precisam ser o dobro do que eles têm hoje. Então, nesse ponto, também é uma realidade muito parecida com a nossa”, observa Carolina Lepsch, lembrando que o Sistema de UCs do DF só existe há 15 anos.
O presidente do Brasília Ambiental, Rôney Nemer, destaca a importância dessa troca de experiência no que se refere à proteção ambiental. “Para crescermos em qualquer área precisamos conhecer e aprender com as melhores práticas internacionais. O Brasília Ambiental fortalece ainda mais sua atuação ao participar de intercâmbios como esse, em que podemos comparar metolodogias, desafios e soluções aplicadas na gestão das nossas Unidades de Conservação”.
A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, reforçou o compromisso do Governo do DF com a proteção ambiental e a importância da cooperação internacional para fortalecer as políticas públicas de conservação. “A troca de conhecimento com um país referência em preservação ambiental, como a Costa Rica, nos permite aprimorar nossas estratégias e buscar soluções inovadoras para garantir um futuro sustentável para o DF”, enfatiza Celina.
Parte do PIB – A conservação da biodiversidade na Costa Rica faz parte do Produto Interno Bruto (PIB) local, e está embasada em todas as principais atividades econômicas do País. O turismo deles, por exemplo, que representa 8% do PIB, é todo voltado para a conservação da biodiversidade. A agricultura deles, na qual predomina banana, café, entre outros produtos, também é toda conectada com a preservação ambiental.
Os rótulos dos produtos possuem representantes da fauna local, como um bicho-preguiça, por exemplo. “A biodiversidade é um produto pra tudo deles. Eles estão muito empenhados nesse contexto porque enxergaram que a conservação é muito vinculada ao turismo. Criaram a consciência que o turismo só funciona se eles tiverem áreas protegidas, áreas para boas caminhadas para apresentar para o turista”, ressalta Lepsch.
Outras informações, compartilhada pela área técnica é que a Costa Rica tem uma gestão das áreas de conservação compartilhada com a comunidade e com outras instituições que funciona muito bem. Ainda que essas áreas recebem muito reforço financeiro de fundos internacionais. “A Costa Rica é um País que já está voltado para isso há muito mais tempo que o Brasil. Mas acho que a gente consegue chegar lá. Fiquei muito feliz com tudo que eu vi, por entender que o DF não está tão atrasado, e que existem bons caminhos pra gente melhorar a gestão do nosso Sistema de UCs. Constatamos que estamos no caminho certo”, enfatizou a diretora.
Projeto – O projeto “Avaliação e Fortalecimento do Sistema de Unidades de Conservação Distrital e Estudo de Parcerias Público-Privadas e Público-Comunitárias” se traduz como o desenvolvimento de vários estudos que se distribuem em três componentes no DF. Os dois primeiros componentes, que são Estudo de Gestão de Áreas Protegidas” e Uso Público e Visitação, principalmente, voltada para o turismo, já estão em desenvolvimento.
Além da superintendente e da diretoria da Sucon, participaram da visita à Costa Rica: os profesores do CDS/UnB, Mauro Capelari e André Cunha; a professora de geografia do Departamento de Geografia da UnB, Potira Hermuche; e o doutorando do CDS/Unb, Marcos Rugnitz Tito.
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