Coleções entomológicas são pequenas amostras da diversidade de insetos, e através dela é possível propor estratégias voltadas à conservação da biodiversidade, ao combate de doenças, a perdas e ganhos na agricultura e à educação ambiental. A catalogação e os estudos relacionados aos insetos dependem de técnicas apropriadas de coleta, transporte e armazenamento, e a utilização de exemplares da natureza é regulada pela legislação, que deve ser conhecida por estudantes e profissionais da área.
Fonte: https://www.embrapa.br/cerrados/colecao-entomologica/importancia
Finalidades e importância
As coleções biológicas constituem-se de materiais biológicos (organismos ou partes desses) devidamente tratados, conservados, organizados e sistematizados. A sistematização dos dados permite ampliar o suporte para algumas atividades de pesquisa que, de certo modo, estão sendo consolidadas no Brasil, tais como:
• caracterização da biodiversidade entomológica;
• estudo de impacto ambiental utilizando insetos como indicadores em projetos agrícolas e áreas preservadas adjacentes;
• controle biológico de pragas;
• distribuição biogeográfica;
• taxonomia; e
• efeitos da fragmentação de habitats sobre as populações de insetos.
Patrimônio memorial
As coleções entomológicas devem ser vistas como patrimônio memorial da diversidade biológica do País, sendo banco de dados essenciais para o desenvolvimento científico, tecnológico e para a segurança nacional. Além disso, as coleções entomológicas são uma amostra da biodiversidade, cuja perda, por diversas razões, é um fato preocupante em todos os biomas brasileiros e no mundo.
Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade – SISBio
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), através da Instrução Normativa n°154, de 1° de março de 2007, instituiu o Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBio), que tem como escopo fixar normas para a concessão de autorizações e licenças, a fim de realizar atividades de coleta de material biológico, captura ou marcação de animais silvestres em seus ambientes naturais (in situ), manutenção temporária de espécies de fauna silvestre em cativeiro, transporte de material biológico, recebimento e envio de material biológico ao exterior e realização de pesquisas em unidade de conservação federal ou em cavernas no território brasileiro.
Após a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade (ICMBio), o SISBio foi reestruturado, ficando sob a gerência desse instituto. Atualmente, o SISBio é normatizado pela Instrução Normativa ICMBio n° 3 de 1° de setembro de 2014.
Atividades cuja autorização é disciplinada pelo SISBio
• Coleta e transporte de amostras biológicas in situ
• Coleta e transporte de espécimes da fauna silvestre in situ
• Coleta de amostras biológicas ex situ (espécies fora do ambiente natural)
• Captura de animais silvestres in situ
• Marcação de animais silvestres in situ
• Manutenção temporária de vertebrados e invertebrados silvestres em cativeiro
Cadastro nacional de Coleções Biológicas – CCBIO
Com o objetivo de atender a uma resolução da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e da Fauna Selvagem em Perigo de Extinção (Cites), foi editado o Decreto n° 3.607, de 21 de setembro de 2000, que dispõe sobre a implementação da Cites no âmbito brasileiro.
Institui-se o Cadastro Nacional de Coleções Biológicas – CCBIO, por meio da Instrução Normativa n° 160 de 27 de abril de 2007, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), disciplinando os registros das instituições científicas e das coleções biológicas, bem como o transporte e intercâmbio de material biológico entre coleções. A referida IN especifica cinco tipos de coleções biológicas que atendem finalidades diferentes:
1) Coleções científicas: compreendem ao material biológico devidamente tratado, conservado e documentado, com a finalidade de subsidiar a pesquisa científica e a conservação.
2) Coleções: destinam-se a exposição, demonstração, treinamento ou educação
3) Coleções biológicas particulares: visam à conservação e ao subsídio de pesquisas científicas e atividades didáticas
4) Coleção de segurança nacional: envolve acervos múltiplos que pertencem às instituições públicas, com representatividade do conjunto gênico de diferentes espécies de importância estratégica que promovam a autossuficiência e a segurança da nação, de acordo com fatores econômicos, sociais, populacionais, ambientais e tecnológicos
5) Coleção de serviço: constituem-se de materiais biológicos certificados e rastreáveis e visam à geração de produtos biotecnológicos, farmacêuticos, alimentícios e serviços
Coleção Entomológica do Instituto Oswaldo Cruz, CEIOC
A Coleção Entomológica do Instituto Oswaldo Cruz, CEIOC, uma das mais importantes da América Latina, tem cerca de 5 milhões de espécies da fauna brasileira e de outras regiões do mundo, representando quase todas as ordens conhecidas de insetos. As espécies são de grande relevância para pesquisas nas áreas de saúde pública, medicina veterinária, agricultura e biodiversidade. A maioria está preservada a seco em alfinetes entomológicos, havendo também muitos insetos em álcool a 70% ou montados em lâminas.
Fonte: https://agencia.fiocruz.br/colecao-entomologica-do-iocfiocruz-completa-115-anos
Embrapa Cerrados
A diversidade entomológica da Região do Cerrado é ainda desconhecida, mas pode ser estimada em mais de noventa mil espécies. A Embrapa Cerrados dispõe de uma coleção representativa de insetos exclusivos da região compreendendo aproximadamente 50 mil exemplares e 15 mil espécies. O propósito de se manter essa coleção tem sido o de reunir informações referentes à biodiversidade da fauna entomológica com seus dados associados, tais como, local e época de ocorrência, biologia e plantas hospedeiras, tanto de pragas como de outros elementos dessa importante fauna.
Fonte: https://www.embrapa.br/cerrados/colecao-entomologica
Curadoria
As atividades de curadoria são fundamentais no processo de criação e manutenção das coleções entomológicas. Portanto, a designação de um curador é o primeiro passo nesse processo. A curadoria compreende todas as atividades referentes à coleta dos insetos no campo, bem como ao preparo em laboratório, à preservação, ao armazenamento e à catalogação do material. Ao curador cabe também avaliar e decidir sobre a política da coleção, envolvendo permutas, empréstimos, doações e interações com outras instituições.
Etapas para a formação de uma coleção entomológica
Para que possam ser incorporados à coleção, os insetos precisam ser coletados e armazenados adequadamente. Deve-se também considerar que cada grupo tem exigências próprias, tanto para ser coletado e preparado quanto para ser armazenado. Após a coleta dos insetos no campo, o laboratório de entomologia ligado à Coleção da Embrapa Cerrados segue a seguinte sequência de atividades. Cabe ressaltar que para a coleta em campo é necessário uma autorização no Sisbio.
Montagem dos insetos
Fonte: https://www.embrapa.br/cerrados/colecao-entomologica/curadoria
Secagem
Fonte: https://www.embrapa.br/cerrados/colecao-entomologica/curadoria
Etiquetagem
Fonte: https://www.embrapa.br/cerrados/colecao-entomologica/curadoria
Identificação
Fonte: https://www.embrapa.br/cerrados/colecao-entomologica/curadoria
Digitação dos dados
Fonte: https://www.embrapa.br/cerrados/colecao-entomologica/curadoria
Incorporação definitiva dos insetos à Coleção
Fonte: https://www.embrapa.br/cerrados/colecao-entomologica/curadoria
Referências Bibliográficas
CAMARGO, A. J. A.; OLIVEIRA, C. M.; FRIZZAS, M.; Sonoda, K. C.; Corrêa, D. C. V. Coleções Entomológicas: Legislação Brasileira, Coleta, Curadoria e Taxonomia para as Principais Ordens. 1ª ed. Brasília: Embrapa, 2015. 130 p
CAMARGO, Amabílio José Aires de et al. Coleções entomológicas: legislação brasileira, coleta, curadoria e taxonomias para as principais ordens. Brasília, DF: Embrapa Cerrados, 2015. Disponível em: https://www.embrapa.br/cerrados/colecao-entomologica/curadoria. Acesso em: 14 maio.2021.
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